quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cultivando o Reino

Amados e amadas de Deus,

Como é bom acordar nesta manhã e poder repetir aquilo que Igreja nos ensina como simples oração que pode e deve ser feita sempre ao longo de nossa vida: "Jesus manso e humilde de coração: fazei o nosso coração semelhante ao vosso." Oração esta que consiste na certeza de que obter um coração manso e humilde não é processo mágico que surge da noite para o dia, mas processo lento e contínuo que exige esforço pessoal e o olhar fixo na meta. Se tenho a meta de ter um coração como o de Jesus, então devo me esforçar para viver a coerência daquele coração: que era humano e divino. Os dois juntos. Quando foi divino, foi humano e quando foi humano, foi divino. Por isso que Jesus é também visto como o arquétipo da síntese. Nele sintetiza-se o humano com o divino; o céu com a terra; a mansidão com o vigor. Buscar ter um coração semelhante é seguir o processo de cristificação que requer empenho. Na oração que citava acima, ao pedirmos a Jesus que faça o nosso coração semelhante ao dele, não significa que o fazer está apoiado apenas na ação de Jesus em nossa vida. O "fazer" é em conjunto. É ele comigo e eu com ele. Como bem dizia Padre Fábio de Melo em uma de suas canções: "O milagre se dará por duas vias/ Uma é a minha e a outra eu deixo para você/ Se você trouxer a mim a sua água/ eu devolvo vinho." Para que nosso coração se cristifique, precisamos entender que este processo nos pede abertura para que Jesus promova a ação transformadora dele. Precisa do nosso empenho de agir. Eu também devo fazer a minha parte neste processo. É o que falava em outro e-mail sobre o processo da diástole e da sístole no coração humano e que é semelhante ao nosso processo de conversão. Se quero estar cheio de Deus e vê-lo executar as mudanças na minha história,então tenho que me abrir; tenho que fazer o movimento da diástole no meu coração espiritual. Sempre que Jesus ia operar algum milagre era sempre comum ele perguntar àquele que lhe rogava a cura se tinha fé. É a abertura do outro que Jesus pede. Diástole do humano espírito para que o Santo Espírito nos transforme. Ter um coração manso e humilde de Jesus, portanto, não é tarefa mágica obtida em simples oração. Exige esforço próprio e trabalho. São Bento - fundador dos monastérios beneditinos - resumia em duas palavras a atividade de seus religiosos e que também deve ser a nossa: "Ora et labora". Ora e trabalha. Ser semelhante a Jesus é viver essa premissa: oração e trabalho. Oramos; pedimos a Jesus um coração manso e humilde como o dele, mas trabalhamos para que isto se torne possível em nossa vida.

No último domingo, nosso pároco – Padre Trópia – em sua homilia nos exortava a necessidade de evangelizarmos por todos os meios a fim de se chegar ao coração de muitos. Palavras humanas que, ao estarem comprometidas com o Evangelho, promovem mudanças concretas na vida de quem as escuta. Foi o que aconteceu ontem, quando eu e a banda Kephas – banda católica nascida em nossa paróquia – decidimos juntos evangelizarmos com esses textos, que lhes tenho escrito, a mais gente, postando-os numa coluna no blog da banda. Projeto novo que nasce da oração, mas só se concretizará no árduo trabalho conjunto. O contato ontem do Vinícius – vocalista da banda – me reacende a chama do meu compromisso com Deus, com Seu Evangelho e com a Igreja. Estaremos juntos no exercício beneditino da oração e do trabalho. Orando juntos em comunidade e trabalhando música e palavras para o cultivo do Reino de Deus no mundo. Orem todos para que o nosso exercício de cultivar o Reino seja bem sucedido. Como católicos vivemos e cremos na Eucaristia e reconhecemos que ela deve repercutir em nós o ideal de uma vida eucarística. Impregnados e configurados ao Cristo devemos levá-lo aos que passam pela nossa vida. Tal como nos afirma João Paulo II em sua Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia: “(...) inclui, para os que participam na Eucaristia, o compromisso de transformarem a vida, de tal forma que esta se torne, de certo modo, toda « eucarística ». São precisamente este fruto de transfiguração da existência e o empenho de transformar o mundo segundo o Evangelho que fazem brilhar a tensão escatológica da celebração eucarística e de toda a vida cristã: « Vinde, Senhor Jesus! » (cf. Ap 22, 20).”

Escrito por: Fernando Lino

1 comentários:

disse...

Amém, Fernando! E como é maravilhoso poder ser instrumento de Deus. Como é sublime poder vislumbrar o que Deus é capaz de fazer em nós e por meio de nós. Somos transformados a cada vez que Ele opera. Como consegue usar de nós, tão pequeninos e com tantas e diversas mazelas, para tocar o coração de um irmão e assim transformar ambas as vidas. Recordo-me do evangelho desta última quarta-feira (Mt 13,1-9) em que Jesus narra à multidão a parábola do semeador (à qual é conseqüente a parábola do joio, deste último domingo). Ao concluir a parábola, o Divino Mestre termina com uma de suas célebres frases: “Quem tem ouvidos, ouça.” É este o convite de Cristo. De quê adianta jogar as sementes, se o solo do coração não é fértil, se não está pronto, aberto para recebê-las? Que façamos nós este exercício de se dispor, de permitir que as sementes frutifiquem. Vamos poder colher seus frutos não apenas em nossos corações, mas também nos daqueles que têm ouvidos para ouvir, olhos para ver, coração para sentir e boca para proclamar a boa nova! E assim seremos todos cultivadores, como diz aquela bela prece eucarística: “A nós que agora estamos reunidos, dai força para construirmos juntos o Vosso Reino que também é nosso”.

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