Em mim se agita uma saudade constante daquele que é o tudo em minha vida. Depois que descobrimos o Cristo incrustrado em nossa história e notamos os vestígios de suas pegadas ao largo da nossa praia, logo somos tomados por uma saudade que nos inquieta e passamos a desejar ancorar, em alguma margem do tempo, o barco dos sonhos e projetos em que navegamos e largá-lo para poder seguir aquelas pegadas que nos intensificam a saudade, nos revelam que ele está próximo e nos trazem a vontade de saber para onde aquelas pegadas nos levarão.
Falta-nos, às vezes, coragem para largar o barco e deixar para trás o convés de tudo que nos habituamos. Pôr os pés descalços no chão da história e deixar-se ferir no caminho pedregoso nunca é fácil. Seguir aquelas pegadas, um desafio. O desafio é seguí-lo, seguros de que estamos fazendo a vontade daquele que o enviou e nos amou primeiro. Certos de que aquelas pegadas nos apontam para o que Deus tem sonhado para nós e usa os pés humanos do Seu filho para nos marcar e apontar o caminho. É bom acharmos suas pegadas marcadas em nós e reconhecê-las. Porém, há muitos que sabem que elas estão ali, marcadas no solo árido de suas histórias, mas figem não vê-la. Permitem que a aridez do coração desertifique a alma, quando poderiam reconhecer as marcas do ressuscitado presentes em si mesmos e assim lavrar o solo seco de seus dias convertendo o que era deserto em praia, cujo solo é banhado pelo mar do amor e da fé.
Quero sempre ser praia para poder ver as pegadas de Cristo ao largo de mim; poder vê-lo pescar em mim o que tenho de bom e oferecê-lo como alimento para este mundo faminto de ternura e bondade; vê-lo acalmando as tempestades que se abatem dentro do meu oceano, tantas vezes tempestuoso; notar que, em sua presença, a calmaria se estabelece por dentro e ser vento litoral que acalma o cansaço do meu próximo. Ser praia é deixar que as ondas do mar de Deus moldem as areias do nosso espírito e destruam os castelos do orgulho que, por vezes, construímos. É descobrir-se como praia infinita, onde nossos olhos não alcançam seu fim e deixar-se marcado para sempre pelas pegadas de Cristo que nos anunciam a Boa Nova que ele nos propõe e nos convida a viver.
Assim, nos reconhecemos como solo sagrado e que toda vez que passarmos pela vida do outro, devemos retirar as sandálias dos pés pois aquele solo é santo; é marcado, assim como eu sou, pelo amor de Deus. O respeito pelo outro passa pela certeza de que devemos ter de que o outro é praia marcada pelas pegadas de Cristo e que, toda vez que passo pela sua vida de uma forma errada, simplesmente viro onda que insiste em apagá-las. Não pode ser assim. Temos é que ser sol na vida do outro que tem o poder de solidificar aquelas marcas na areia e iluminá-las para sinalizar ao mais distraído que Jesus passa por ele.
Bom dia a todos!!! Fiquem na paz!!!
Fernando Mendonça da Costa Lino